sexta-feira, 24 de maio de 2013

Agonis fecundam

Vasos, vasos, onde escondem meu fluido halo de avental vermelho?  Na peneira de que falseio penduram o secreto caminho da esperança, cristalina e liberta da dor? O papo da agulha é rente ao drama que se pede e não se quer. Como se fosse descosturando um mundo por dentro com a sua frieza gélida. Os canos entregues aos laços, os laços aos pomos, os pomos à sorte de se fazer supurar o sangue de que o bico fino e gélido da ponta lança, cutucando visceralmente.
Azul, eu.
Verde, todos aqueles que querem olhar.
Branco, o que segura a agulha e que olha.
Preto, o céu, a luz, a vela.
Eu jorro, jorro, jorro,jorro...."Contenham, eu grito!" Mas já ninguém ouve. "Contenham!", eu grito. E agora me olham de soslaio, sem entender coisa alguma. "Está doendo?" Eu, como se dissesse: "Não, está azedando!" Não entendem mas, por fim, aquietam-se como se entendessem com profundidade.
 Queima, o forro do corpo.
E o mar, leve, solto, a embarcar o acontecer, com a naturalidade insone do que há e não há.   


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